24.1.12

A RODA DA FORTUNA

CONSELHO:

Medite a respeito das coisas serem passageiras na vida...a natureza da vida é a impermanência, a temporalidade, todas as coisas passam, mudam, o que estava no alto cai e o que estava embaixo ascende.

.

as pessoas permaneciam em sua vida impermanentemente

as q ela gostaria q estivessem todo dia

Já as que não fazia questão, aliás, as que adoraria não ver

ou não ter que fingir que não vê todo dia,

essas permaneciam permanentes

imóveis, imobilizadas, imobilizantes

Então, começou a pensar e quis chamar o pensar de meditar

que há que deixar ir, há que ir

Pra 2012, coragem!

de fazer o q quiser do tempo

trazendo o bom do impermanente como alimento pra todos os dias

romper com o tempo do permanente que imobiliza

força pra isso

ir

Ah, se ela pudesse escrever sobre a noite de pirilampos, raios e trovoes e sexo e amor!!! Podia, mas não vai, vai levar consigo, como alimento.

Quase escreveu que só o impermanente pode voltar sempre e que disso se alimentaria, mas percebeu que o que desejava não eram voltas eternas e sim permanências q...

O q desejava mesmo?

Tão simples: estar com ele

e sabendo q não havia nada a fazer senão deixá-lo ir, alimentou-se de carregá-lo dentro de si e se deixou carregar por ele. E assim, amparada e amparando, torceu pra conseguir realmente fazer o que quiser do tempo, já q, meditou, na roda da fortuna fica quem quer

há muito que ela prefere as espirais

18.1.12

9.4.11




Salve, amores!


Ah, amores meus!

Por favor, parem de achar

q vou salvá-los de algo

O algo é vcs

e ninguém salva ninguém de ninguém

Aliás, do q mesmo precisam ser salvos?

Livre arbítrio

Lembram?

Quem me salva de mim qdo amo?

23.2.11





POR UNA CABEZA

Vinha da casa ao lado a música. Na primeira vez que a ouviu reconheceu de imediato: “Por una Cabeza”, de Gardel. A cena de Al Pacino, cego, dançando o tango com uma desconhecida, em “Perfume de Mulher” era uma de suas preferidas desde sempre. Ficou feliz por ter um vizinho que, provavelmente, compartilhava o gostar.

Àquela primeira vez seguiram-se muitas, na verdade em alguma hora do dia, todos os dias, a música tocava na casa ao lado. Se algum dia não a ouvia é porque, provavelmente, não estava em casa quando tocou.

Numa madrugada ao chegar de uma festa, ou bar, tanto faz, foi tomar banho e às 3 da manhã lá estava ela, tocando baixinho pra não incomodar os vizinhos, indubitavelmente ela: Por una Cabeza, Gardel. Não, vizinho, não incomodou em nada, alias, a cerveja na cabeça, o calor, a água escorrendo, a música... quase um orgasmo.

O único problema é que a musica ficava em sua cabeça por horas. No dia em que a ouviu bem cedinho e logo depois foi fazer feira, teve a impressão que escolhia as laranjas com movimentos sincopados, que cada ida sua em direção à próxima barraca era acompanhada por volteios de pernas e baixadas de olhos. Mas, deve ter sido impressão já que não se lembra de ninguém a olhando de modo estranho e, bom...gente a olhando de modo estranho nunca faltou, acho que nem perceberia mais.

Começou a imaginar quem seria a pessoa que ouvia Gardel todos os dias, esse Gardel. Os vizinhos tinham se mudado praí recentemente, nunca prestara muita atenção neles, a não ser que haviam transformado o pequeno jardim num deck, que os carros dormiam na rua, apesar de terem garagem (pra que usariam a garagem?), que tinham um cachorro grande com cara de bravo e que não havia crianças na casa.

Uma vez vira um homem, jovem e careca que saía da casa na mesma hora em que ela. Ele até fez um aceno de cabeça, educadamente correspondido, mas sequer reparara se era feio ou bonito. Ela estava com pressa, como sempre e bom...isso foi antes da música. Havia também um homem mais velho, sabia porque as vezes discutiam alto, o mais velho e o mais moço, mas novamente nunca prestara muita atenção no que falavam, já que não era da sua conta. Tinha também uma mulher, jovem talvez, que pendurava roupas, cantarolando as vezes e era só pelo cantarolar que intuía que ela era jovem. Haveria uma velha? A mulher do velho, cuja voz nunca ouvira? Seria ela quem ouvia “por una cabeza” diariamente, recordando os dias em que bailava tango com o velho? Será que eles saiam dançando pela casa, com passos agora comedidos? Seriam os mais jovens um casal? Irmãos? Sonharia a moça em ser a desconhecida guiada num tango por um Al Pacino cego?

Ficou cheia de vontade de aprender a dançar o tango. Já o sabia em seu pensamento. Seu corpo, cria, não teria dificuldade em aprendê-lo. O tango! O homem geralmente boêmio, jogador e chifrudo. A mulher quase sempre uma vadia, falsa, que “jura sorrindo o amor que está mentindo” é a causadora de toda angústia e desgraça masculina. Isso nas letras, pois no dançar, a mulher, sempre aos pés do homem parece submissa. Só parece, porque observando melhor, o homem pega forte no tango, muito mais que o necessário para apenas conduzir, como em outras danças de casal. Os gestos dizem: Ela é minha! Mas ela é tão poderosa, que se não a pegar forte, ao mesmo tempo em que a seduz fazendo-a crer que não está nem aí, ela escapa. Ah, mas isso é tudo firula do pensamento.

Só o que sabe é que adora o(a) vizinho que ouve diariamente Gardel. E que sai dançando sozinha pela casa, de olhos fechados, sendo ao mesmo tempo a desconhecida e o cego a lhe guiar.



16.10.09

* COMPLETE O “o...”

Pois o q dói é q o máximo q possam(os) dizer de nós é
Sinto muito!

Dela não
Ela foi
Ela é

Mas de nós...
nunca claro
o bom
o a vontade
o...

nunca
ou ao menos, nunca mais

só lá

tão longe
tão breve



num tempo/lugar
em que sei
existiu
o ...

...que com nada rima
com
nós
hoje

dor velha, sei
poderia escrever horas, mas
Sinto muito!



* ao pai da minha filha no dia em que ela completou 17 anos


.

18.5.09


Tenho um novo anjo da guarda

Que sorte!

Ele parece tão frágil...

Quando me diz, tão novinho ele,

que já esteve nesse lugar onde me (nos) leva,

não sei porque, não duvido.

Não é um lugar bonito, o lugar das minhas dores

mas como agora é imperativo passar por ele,

que desse processo saia entendimento, conhecimento...

e todo o lixo acumulado

e quanto lixo!

Que bom que não estou sozinha nessa faxina!

Não daria conta de acertar essas contas

E ao que tudo indica, estou muito bem acompanhada

Que sorte!

Grata, universo!

23.10.08


Ah! Como é bom apagar apagar e apagar o monte de bobagens escritas nos anteontens!
Mas me pergunto:
Pra onde vai o lixo virtual?
.

20.10.08

Ainda sobre Abismos (mas ja passa...tudo passa)

"Eu chorava, no começo eu chorava e não entendia, apenas não entendia, e não entender dói, e a dor fazia com que eu chorasse, no começo." (Caio Fernando Abreu)

Pensou em dar um oi, mas recuou. Ao oi talvez viesse resposta e a resposta inevitavelmente mudaria o rumo de seus pensamentos. Não que gostasse dos pensamentos que ora tinha. Não que gostasse de qualquer pensamento dos últimos dias. Andava impiedosa consigo.
Sentiu-se muito irresponsável por ter uma filha. O escuro é de certa forma genético e ela pode ver nos olhos da filha seus rastros, a profundeza de poço, de quem vê beleza em poços.
Temia, mas relevava, já que ambas sabiam ser gentis, alegres e... Torcia para que a filha não tivesse a mesma incompetência que ela pras tarefas banais do dia a dia. Não haveria espaço para isso, imaginou, fazendo um absurdo paralelo de como a incompetência nos amores banais do dia a dia do pai com a menina, não havia deixado a si, nenhum espaço pra desamores nesse sentido.

Quanto a outros amores, ela não entendia, apenas não entendia.

12.10.08

"quem gosta de abismos, tem q ter asas" *

era dia de abismo e ela sem asas

sabia que a paixão era pela paixão

e não pelo objeto dela, escolhido quase a esmo

dia de fuck you all, de tanto faz

a unica lástima a preguiça de sair pra comprar mais cerveja

não iria cuidar de ninguém, muito menos de si mesma

só essa necessidade de vomitar, de gritar no branco da tela

"fuck you all !!!!!!!!!!!!!"

fuck you todos que a lembram e imaginam como a melhor foda

a mais confiável confidente!

enganam-se, não confiem, nem ela confia nela

teve futebol hoje, sabe, não desconfia

sempre tem futebol

fuck you, não interessa saber quem ganhou nem quem jogou

mas não adianta, contam, 4X0, do Brasil na Venuzela

Ah...tá

e alguém se afogou, uma criança, contam também

Ah...tá

não interessa

não há nada que interesse

nada tão interessante quanto o abismo

pena, que justo hoje, estava sem asas

e com essa sede ridícula

de amor e de cerveja


*frase q ouvi de Abu desde sempre, mais que provavelmente citando alguém, que não tenho a mínima idéia de quem seja

.

10.8.08


gostaria de saber porque minha mão direita é sempre tão gelada

oposta ao coração

a mão da ação parece sempre dizer morte

dizer não



.

16.6.08


s
u
s
piro



não
nunca mais
mais

seu mais ou menos
trouxe o menos
pro mais
que era a minha paz




06/08





Os x da lição


o professor manda escrever um poema


Na tentativa de cumprir a missão

qualquer coisa vira inspiração

Tomo da faca parto reparto

expremendo das palavras suposta canção


Uma delas se debate, esperneia, chicoteia

faz alvoroço, quase pula em meu pescoço

brada aos quatro ventos algo que não entendo

Por fim, em meio a tamanha gritaria, ouço a que se referia


− Volte pra escola, ora bola!

Com x ?! Mas o que é que eu fiz?!

Assim me recuso a te dar meu sumo!


com o respeito que se deve a quem

está prestes a ser alma grafada errada

respondo

─ Não vês que foi apenas força de espressão?


(quase levo um segundo bofetão!)



10/06


Mentirinha


- Jura?
- Juro.
- Mesmo que Aldebarã despenque do céu ?
- Ainda assim, contigo nunca hei de ser cruel.


09/06

Dissonâncias


Não, a vida não é justa! pensou ela

justa fosse não descompassariam os amores

a ridícula rima amor/dor seria coisa de novelas

tema pra boleros de discutíveis qualidades


Justa fosse

quereres seriam simples prazeres


“O amor é frio como a morte!”

quando ouviu essa frase pela primeira vez,

vinda da boca de um ator em cena

se riu e não creu, mas cráu...

a vida é cruel


Entrou certa vez em um mar tão gelado,

mas tão gelado, que era difícil perceber que estavam no verão

e seu coração machucado, mais frio que o mar,

descompassado reafirmou-lhe

─ “...frio como a morte!”


improvável e insuportável temperatura

no que se supunha mero músculo pulsante


e o mais improvável (e não menos insuportável)

é que continuava viva,

falava, caminhava, cuidava

ria e chorava


até que um dia

a desagradável lembrança não era mais que isso

lembrança

que quando aflorava trazia consigo

(tanto tempo depois!)

rastros do insuportável,

do que nunca, em hipótese alguma

viveria novamente


até que um dia

quando pensou que a musica se faria...


dissonâncias


cráu,

a vida...





01/07

15.6.08



Chata! Chata! Chata!


me chamou de chata!
nem uma, nem duas, mas isso vezes três
achatando assim meu amor de vez
amor, aliás, não nutrido de paixão
mas de amizade com sabor de tesão
esse
descoberto do nada,
depois de anos de relação desestressada

amigos podem chamar amigos de chatos, mas
engraçado...
não lembro de por ele assim ser chamada
nos tempos de foda não consumada
por 25 anos, chata não fui
declarava desejos bestas, mundanos
e o bom amigo ouvia, atendia
ou, ao menos,
ria e entendia

curioso,
antes não se importava em servir
se isso me fazia sorrir
e se chorava, não pensava que era porque o cobrava
até oferecia o ombro e me consolava!

terá alguma coisa o gozo,
conseqüência do bem querer,
a ver com meu discurso causar desprazer?
- tomara que não!

quereres, tão simples
andam agora na corda bamba

será que só disse mesmo querer também ir na escola de samba?

a palavra antes sem trava
se não se policia agora torna-se
amarra
pedir atenção num piscar virou
prisão
e o que era curiosidade, insuportável
cobrança de fidelidade

Sei não, amigo, préstenção!
Que chateação !

11/06

Tecladas Notívagas

não é segredo que tenho um amor
um amor que não carece cárcere
e que quase de amar se basta
eu e meu amor, a gente se fala por computador
bits bytes
0 e 1
nunca 2, que isso a maquina não entende
meu amor mora longe
tecladas notívagas enchem nossas noites
de uma música feita cá e lá sem sol nem fá
se as vezes faz frio, como hoje, chega a dar dó
de mim recolhida nesse cobertor

mas ele mora no Rio, vai saber se lá tá calor



09/06
Depois da Yoga

num sussurro maroto o garoto
me propõe um tantra
esperto
vê que me encanta
e por certo
se acha diferente
ao me envolver num sexo transcendente

entoando mantras
vou ao seu covil
me enovelo na metafísica
do movimento sutil

mas um olhar sacana
logo tudo desvela
menino, deixa de bobagem
trepada bacana é pura sacanagem

09/06

24.12.07